O perfume da pele — quando o desejo tem o cheiro de quem falta | LivePorn

O perfume da pele ? quando o desejo tem o cheiro de quem falta

Criado em 20/10/2025 14:01

O perfume da pele ? quando o desejo tem o cheiro de quem falta

O cheiro da chuva sempre me trazia lembranças. Mas naquela noite, ele carregava algo mais — uma promessa que eu não sabia que ainda existia. Saí do meu apartamento às pressas, encharcada, sem me importar com os transeuntes apressados ou com os carros que cortavam as poças de água. Cada gota que escorria pelo meu cabelo parecia acender algo dentro de mim, algo que eu havia deixado adormecido há meses.

E então, entre o borrão de luzes da cidade, eu o vi. Ele estava parado debaixo de uma marquise, os ombros ligeiramente curvados, a gravata torta e o casaco encharcado. Por um instante, hesitei, como se o mundo tivesse decidido pausar apenas para nos mostrar que aquilo — aquele reencontro — era inevitável. Meu coração disparou. Eu podia sentir a chuva caindo sobre nós, misturando nossos aromas: o dele, limpo e amadeirado, e o meu, úmido e doce, impregnado do perfume da noite.

Ele me viu. E o mundo inteiro desapareceu.

Quando seus olhos encontraram os meus, algo mudou. Não era apenas reconhecimento; era a memória de tudo que já tivemos, das noites que compartilhamos, das palavras sussurradas que não cabiam no dia, dos beijos roubados que sabiam a segredo. Ele sorriu, um sorriso que parecia ter guardado para mim, só para mim. E naquele instante, eu soube que a chuva não era mais apenas chuva — era um véu que nos envolvia, nos isolando de qualquer distração, de qualquer passado que não nos pertencesse.

Ele deu um passo à frente, hesitante, e eu fiz o mesmo. A distância entre nós parecia insignificante, e ainda assim, cada centímetro carregava uma tensão que eu não podia ignorar. Então, finalmente, nos aproximamos, e eu senti o calor da sua pele através da roupa molhada. Um arrepio subiu pela minha coluna, e eu percebi que a chuva não era a única coisa que me encharcava; meu desejo, antigo e silencioso, também transbordava.

"Você… está molhada," ele disse, a voz baixa, quase rouca, como se cada palavra fosse medida para não revelar demais. Mas ele não precisava falar mais nada. O toque da sua mão, leve sobre o meu braço, dizia tudo. Um simples contato, mas cheio de significado. Era o toque que lembrava noites longas, conversas ao luar, risos abafados e sussurros que só nós entendíamos.

Nos afastamos apenas o suficiente para nos olhar nos olhos. Eu podia ver a mesma mistura de surpresa e reconhecimento nele que sentia em mim. E então, sem pensar, sem planejar, deixamo-nos levar pelo impulso que nos dominava: nossos lábios se encontraram. Primeiro, de maneira tímida, como se pedíssemos permissão à memória e ao tempo. Depois, mais intensamente, mais urgente, como se cada gota de chuva nos impulsionasse para a entrega inevitável.

O mundo ao redor deixou de existir. O som da água caindo do telhado, os carros passando, o vento frio — tudo desapareceu diante do calor que emanava de nós. Eu podia sentir o coração dele batendo tão rápido quanto o meu, a respiração entrecortada, a pele arrepiada pelo frio e pela antecipação. E, ainda assim, não havia pressa. Cada toque, cada beijo, cada sussurro era uma dança que havíamos ensaiado silenciosamente por meses.

A chuva continuava caindo, misturando nossos cheiros, nossos corpos, nossos desejos. Ele deslizou a mão pela minha nuca, puxando-me mais perto, e eu me encostei ao seu peito, sentindo a firmeza dele, a segurança que sempre encontrava quando estávamos juntos. Nossos corpos se reconheciam, não por palavras, mas por memória — uma memória que se manifestava em arrepios, em suspiros, em toques que falavam mais alto do que qualquer declaração.

Ficamos assim por um tempo que parecia eterno. Cada beijo, cada abraço, era uma afirmação silenciosa de tudo que havíamos sentido e de tudo que ainda queríamos sentir. Eu podia sentir sua mão acariciando meu braço, descendo lentamente para minha cintura, segurando-me com uma delicadeza que parecia querer compensar todo o tempo perdido. E ele podia sentir minha mão deslizando pelas suas costas, traçando cada linha, cada curva, como se estivesse redesenhando a história que nunca quisemos esquecer.

Finalmente, nos separamos apenas o suficiente para nos encarar novamente. A respiração de ambos estava pesada, nossos corações acelerados, nossas roupas encharcadas, mas a magia do momento não havia diminuído. Ele sorriu, e eu soube que aquele sorriso carregava promessas silenciosas: de reencontros, de noites longas, de desejos satisfeitos e de paixões redescobertas.

"Vamos para algum lugar seco?" ele perguntou, e eu apenas assenti, ainda perdida na intensidade do que havíamos compartilhado. Mas mesmo enquanto caminhávamos lado a lado, protegidos por nosso próprio abrigo improvisado, eu sabia que a chuva ainda estava conosco — não fora, mas dentro de nós, dentro de cada lembrança, de cada toque, de cada beijo que havíamos trocado. E, de alguma forma, isso tornava tudo ainda mais intenso, mais verdadeiro, mais nosso.

Aquele reencontro sob a chuva não era apenas físico; era a prova de que o tempo não apaga o desejo, que a distância não esconde o que é verdadeiro, que o amor — ou pelo menos a atração que sentimos — podia sobreviver a tudo. E enquanto a chuva continuava a cair, nós dois caminhávamos, encharcados, felizes e completamente absorvidos um pelo outro, sabendo que, finalmente, havíamos encontrado o caminho de volta.

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